quinta-feira, maio 24, 2007

...Recomeçar...

Não tenho encontrado inspiração para escrever...
E confesso, este não é o meu "tecto"...
Mas tenho descoberto coisas belas no livro que estou a ler. Sim, estou a adorar!
Por isso, mesmo que (ainda) não deixe nenhum excerto do mesmo, aqui fica um poema de Miguel Torga que sempre me deixou "presa" às suas palavras:

«Recomeça...
Se puderes
Sem angústia E sem pressa.
E os passos que deres,
nesse caminho duro
do futuro
dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances...
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
o logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
onde, com lucidez, te reconheças...»

domingo, maio 06, 2007

Este espaço tem como objectivo a (re)descoberta de quem fui, quem sou e, mais importante, quem devo ser. Como o próprio título deste espaço enuncia, pretende-se, também, recuperar a capacidade de sentir e reconhecer as coisas belas (principalmente as mais simples).
São algumas coisas que se pensa ter perdido...
Daí a necessidade de encertar esta "procura"!

Assim, para começar, deixo-vos um poema de um Poeta muito querido que, de alguma forma, traduz a razão deste espaço:

Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.
E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes.
A aurora apaga-se,
E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.
O dia vem, e dia adentro
Continuo a possuir o segredo grande da noite.
Belo belo belo,
Tenho tudo quanto quero.
Não quero o êxtase nem os tormentos.
Não quero o que a terra só dá com trabalho.
As dádivas dos anjos são inaproveitáveis:
Os anjos não compreendem os homens.
Não quero amar,
Não quero ser amado.
Não quero combater,
Não quero ser soldado.

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.
Manuel Bandeira